sábado, 31 de março de 2012

Aeroportos cercados

Já está mais que na hora das autoridades assumirem seriamente a solução de conflitos urbanos que envolvem boa parte dos aeroportos, aeródromos e aeroclubes do Brasil. Ocorre que um aeródromo é implantado em um local apropriado para operações de pouso e decolagens de aeronaves, em uma área plana, afastado, longe da cidade. Com isso, chegam as vias de acesso, energia elétrica, abastecimento de água, saneamento, telecomunicações, etc, enfim, toda a infraestrutura.

Com o tempo começa a ocupação das áreas vizinhas, aproveitando-se da infraestrutura montada para outro fim, e as autoridades nada dizem, fazem que não é com elas, se omitem. A demanda cresce para perto do aeródromo e as mesmas autoridades nada fazem para impedir construções, criando, por exemplo um plano diretor para proibir construções no entorno da área do aeródromo.

A “invasão” continua, agora com as raposas imobiliárias, que prometem o que não podem cumprir e constroem  onde não se poderia, ignorando leis federais, tais como as chamadas planos de zona de mata de proteção e palno de zoneamento de ruidos de aeroportos, apoiados no beneplácito das autoridades, espremendo o aeródromo de forma inadequada e conflitante com a atividade aeronáutica.

Com isso, o aeródromo, equipado, homologado e fundamental para a economia da cidade e para a educação aeronáutica da comunidade, em que pese estar ali implantado há anos ou décadas, como a maioria deles, é inviabilizado por quem chega muito depois, por quem realmente invadiu a área.
As autoridades e interessados de plantão, normalmente políticos de caráter duvidoso e especuladores imobiliários não conhecem leis e, se conhecem, usam de má fé em suas negociatas.

O Aeroclube da Paraíba é um exemplo do que é relatado acima. Teve seu entorno invadido por edifícios cada vez mais altos. O Aeroclube da Paraíba teve sua pista destruída em 2011, por um ato terrorista comandado pelo prefeito de João Pessoa, com a desculpa esfarrapada de construir um parque ecológico dentro da área mais valorizada da cidade, deixando 47 aeronaves em solo, gerando prejuízos enormes para seus proprietários. Ninguém é inocente e todos sabem que isso foi uma iniciativa para tentar desocupar o terreno para lá construir condomínios de alto padrão.

O curioso é que aconteceu no entorno do Aeroclube da Paraíba, começa a atingir o nosso aeroporto “internacional”, antes considerado imune ao desenvolvimento da cidade em seu entorno. Já há várias construções junto à cerca do aeroporto, constituídas por residências que já estão habitadas, todas de forma irregular e a prefeitura local aparentemente está se omitindo.

Outro absurdo é a construção de um núcleo da Universidade Federal da Paraíba – UFPB na rota da cabeceira 16 do aeroporto, a mais utilizada para pousos e decolagens. Não se sabe quem permitiu ou está permitindo essas aberrações, porém pode-se imaginar quais serão as consequências futuras. Serão idênticas ao que está acontecendo com o Aeroclube da Paraíba e com diversos aeroportos espalhados pelo Brasil.

Os moradores que construíram suas casas e apartamentos em áreas vizinhas ou anexas ao aeroporto, e os que os seguirão, vão começar a reclamar do barulho e do “perigo” da movimentação das aeronaves em seus quintais e telhados e vão exigir a mudança do aeroporto para outro lugar.

Os universitários, funcionários e professores igualmente vão reclamar dos aviões passando sobre suas cabeças fazendo barulho e também do perigo da atividade aeronáutica. Farão greve exigindo mudanças, tais como a mudança da rota das aeronaves por seus cabeções e até a mudança do aeroporto para outro lugar. Com as autoridades omissas, o conflito habitantes versus aeroportos continuarão em um ciclo interminável.

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