quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Memorial: VARIG Linhas Aéreas

Fundada em maio de 1927, a Varig foi a primeira empresa de transporte aéreo no Brasil e uma das primeiras no mundo. Suas origens remontam a 1921 quando seu idealizador, o alemão Otto Ernst Meyer, veio para o Brasil. Ao começar, a "Pioneira" era apoiada pelo Kondor Syndikat alemão. Suas primeiras aeronaves foram o hidroavião Dornier Wal "Atlântico" e o Dornier Merkur.

Por muitos anos, aeronaves de origem germânica equiparam primordialmente a empresa, com algumas exceções: o de Havilland Dragon Rapide o Fiat G-2 também foram usados neste período. Com a mudança do panorama político nos anos 40, a VARIG passou a utilizar equipamentos de origem norte-americana como os Lockheed 10A Electra, Douglas DC-4, DC-3 e Curtiss C-46 Commando. Nesta época foram iniciados os primeiros vôos internacionais: em 1942 foi inaugurada a linha para Montevidéu.

Até 1951, a VARIG operou principalmente na região sul-sudeste do Brasil. Com a aquisição da Aero Geral neste mesmo ano, a Varig iniciou vôos para destinos ao norte do Rio de Janeiro. Na primeira metade da década de 50, foram recebidos os primeiros Lockheed Constellation e com eles, em 1955 a VARIG inaugurou os vôos para Nova York.

Em 1959 tornou-se pioneira na operação de aeronaves a jato no país, com o recebimento do primeiro Sud Aviation Caravelle. No ano seguinte foi incorporado o primeiro Boeing 707. Nas décadas de 60 e 70, expandiu-se tanto em âmbito doméstico como internacional, graças à incorporação de outras empresas, como o Consórcio Real Aerovias e a Panair do Brasil, que durante décadas haviam sido suas principais concorrentes. A controvertida aquisição da Panair é um capítulo especial em nossa aviação, pelo manto de suspeitas que a encobre.

Em 1965,a Varig tornou-se a principal empresa de bandeira no Brasil: a Cruzeiro do Sul operava apenas na América do Sul. A Varig, durante décadas, reinou absoluta no mercado internacional.
Nos anos seguintes, a frota foi sendo padronizada em modelos da linha Boeing, principalmente os 727 e 737. 

 Em 1974 foram recebidos os McDonnel Douglas DC-10-30, primeiros aviões de fuselagem larga no Brasil. Em 1980 foram recebidos os 3 primeiros Boeing 747. A frota da Varig de jumbos foi gradativamente crescendo, até contar com 11 unidades do tipo operadas simultaneamente, inclusive três da série -400. 
Em 1996, mudou seu esquema de pintura, aposentando sua identidade visual clássica, uma das imagens corporativas mais duradouras na aviação. Ocorreram também mudanças administrativas, tentando adequar a empresa à nova e competitiva realidade do transporte aéreo, tanto no Brasil como no mundo. 

Ao final de 1997, a Varig deu mais um passo importante, ao anunciar sua entrada na Star Alliance. Mesmo assim, começou um doloroso processo de enxugamento: devolveu os 747, cortou rotas e destinos, demitiu funcionários. Encolheu num momento em que os concorrentes se expandiam.

Sua supremacia e indiscutível qualidade de serviços, que a fizeram crescer e se tornar respeitada, já não eram os mesmos. A crise aguda pela qual passa a empresa resultou em uma drástica mudança: em 2002 foi sancionada a fusão administrativa das três empresas do grupo, que, conquanto operem com suas diferentes identidades, na prática passam a formar uma só empresa. A frota e o número de funcionários encolheu. Somente de 2000 a 2003 a empresa devolveu 32 jatos.

Uma fusão com a TAM foi patrocinada pelo Governo Federal, preocupado com a situação delicada da empresa. A idéia encontrou resistências fortíssimas - sobretudo junto aos funcionários e diretores da Fundação Ruben Berta - e não decolou. Um aspecto positivo foi a instituição de vôos em code-share com a TAM, o que permitiu à Varig obter lucro operacional já em 2003, primeiro ano do acordo.
Mesmo assim, isso não foi suficiente para estancar a hemorragia da empresa, afundada em dívidas de R$ 6,5 bilhões. Tecnicamente falida, a Varig espera o desfecho de uma ação reparatória que corre na justiça, que lhe daria aproximadamente R$ 4 bilhões em créditos junto ao Governo Federal, justamente um dos maiores credores da empresa.

Em 22 de junho de 2005, a empresa entrou com pedido de recuperação na nova Lei de Recuperação de Empresas, o que antigamente era chamado de concordata. Compradores não surgiram, apenas a TAP e o grupo Mattlin Patterson, que arremataram o controle da VEM e da Variglog, respectivamente. O caixa da empresa continuou apertado e a situação ficou dramática no começo de abril de 2006.
A companhia entrou em colapso parcial em julho, cancelando a maioria de seus serviços. Quando do leilão de sua venda, em 20/7/2006, após meses de indefinições, a Variglog arrematou a Varig por US$ 500 milhões. Após o anúncio, o presidente da Varig, Marcelo Bottini, em discurso emocionado, disse: "está renascendo uma nova companhia aérea. Os funcionários e quem investiu na empresa não precisam temer o futuro, visto que a companhia já superou imensas dificuldades".
No mesmo dia A Varig anunciou que paralisou todas as suas rotas por uma semana. A empresa, em nota oficial, afirma: "A Varig aumenterá, a partir de amanhã, seus vôos na rota Rio - São Paulo - Rio. Enquanto isso, serão suspensos temporariamente de todos os vôos domésticos e internacionais - o primeiro passo na estratégia de recuperação da empresa.
A compnhia foi então obrigada a retomar parte dos seus vôos pela ANAC, o que só efetivamente fez uma semana depois, no começo de agosto, com uma frota de 10 aeronaves. De todos os vôos internacionais, só continuou a operar Frankfurt e Buenos Aires. Apenas oito cidades no Brasil receberam seus vôos. No começo de setembro de 2006, aumentou para 14 as aeronaves em operação, e reintroduziu serviços para Caracas, Brasília, Curitiba e Fernando de Noronha. 

A companhia teve seu controle adquirido pela Gol em março de 2007, que arrematou a empresa dos controladores anteriores (Mattlin Patterson) por US$ 320 milhões. A empresa hoje chama-se oficialmente VRG Linhas Aéreas e opera a marca VARIG e faz parte integralmente da holding que também opera a Gol Linhas Aéreas.

A empresa tem planos ambiciosos de crescimento e vem retomando gradativamente mercados abandonados. Hoje opera na Europa para Paris, Roma, Frankfurt, Londres. Na América do Sul para Buenos Aires, Caracas e Bogotá. Em breve espera retomar serviços para Santiago, Montevidéu, Madri, New York, Miami e Cidade do México. A frota foi reequipada com jatos 737-800 (usados ou transferidos de encomenda feita pela Gol) e por Boeings 767-300ER usados, de várias procedências. Um único 767-200ER foi operado.

Dificuldades de integração à Gol, associadas ao elevado custo do petróleo, forçaram a companhia a revisão de planos estratégicos. Em princípios de 2008, as rotas intercontinentais foram abandonadas, a última delas, Paris, sendo operada em princípios de setembro de 2008. A empresa oficialmente foi incorporada à GLAI - Gol Linhas Aéreas Inteligentes em agosto de 2008. A manutenção da marca Varig pela GLAI ainda permanece incerta a longo prazo. Em 1º de março de 2009, os últimos 4 Boeing 737-300 foram retirados de operação.





 

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