O aeroporto de Congonhas, na zona sul de São Paulo, tem 45 obstáculos na rota de aproximação dos aviões -entre eles prédios residenciais e comerciais, alguns 13 metros acima da altura máxima definida pela Aeronáutica.
Além de prédios, há árvores, dois hospitais e um centro comercial, todos em Moema ou no Jabaquara. A Aeronáutica forneceu as informações à Folha após ser instada a fazê-lo via Lei de Acesso à Informação. Os obstáculos ficam dentro do chamado "cone de aproximação", por onde os
aviões passam, reduzindo a altura gradativamente, para aterrissar em
Congonhas.
Isso não significa que os aviões baterão nos prédios, mas reduz a margem
de segurança das aeronaves prestes a pousar, segundo Carlos Camacho,
diretor de segurança do Sindicato Nacional dos Aeronautas. O cone é
calculado justamente para permitir a aterrissagem sem riscos. Segundo os registros da Aeronáutica, não foram construídos recentemente
prédios na rota de Congonhas. Novos empreendimentos na área têm,
necessariamente, que pedir autorização ao Comar (comando aéreo
regional).
A psicóloga Rosângela Lurbe, 56, vive em uma cobertura no 25º andar de
um dos prédios que invadem a rota do aeroporto, em Moema. O edifício
está 1,60 metro acima do gabarito estabelecido pela Aeronáutica. "Consigo ver a janela dos aviões, de tão perto que passam. E quando
passa um -o que às vezes acontece de minuto em minuto-, tenho que parar
de conversar", diz ela, que preside a associação de moradores de Moema.
O maior aeroporto do país, Cumbica (em Guarulhos, na Grande São Paulo) tem
28 obstáculos na sua rota de aproximação -o número é inferior a
Congonhas porque fica em em área menos habitada, sem muitos prédios em
volta.
Entre os obstáculos estão duas unidades da Assembleia de Deus, galpões,
prédios comerciais, um posto de combustível, um supermercado e antenas
de celular, de acordo com a relação. No caso da Assembleia de Deus, um dos imóveis supera em 42 metros o permitido. A medição é feita por técnicos da Aeronáutica.
Foto: Danilo Verpa/Folhapress
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