quinta-feira, 7 de abril de 2011

Embarque: Turkish Airlines (GRU/IST)


Esta é nossa primeira experiência na Turkish Airlines, ou Türk Hava Yollari. Você vai voar no A340-300 da empresa sem escalas entre Guarulhos e Istambul, literalmente passando um fim de semana onde a Ásia começa e a Europa acaba.

Com menos de uma hora antes da partida do voo TK16, marcada para as 23h25, não havia fila no check-in, tampouco mala para despachar, pois passaria apenas 14 horas na Turquia antes de voltar ao Brasil. Em dois minutos, cartão de embarque na mão, rumei para a imigração e, novamente, não havia filas quilométricas. Em pouco tempo, cheguei à Sala VIP Smiles, empregada para receber os passageiros da business class da Turkish. Fomos chamados por volta de 22h45, bem antes da partida. Embarquei no A340-300 matriculado TC-JII e batizado "Mersin" em homenagem a uma das maiores cidades da Turquia. Esta aeronave voa desde quando foi entregue pelo fabricante em abril de 2000 e por fora já aparentava sua idade. Por dentro, porém, estava muito bem conservada.

A tripulação, extremamente amável ao me receber - e depois constataria, durante todo o voo, acomodava a todos a bordo, oferecendo água, champanhe ou sucos como gesto de boas-vindas. Fui conduzido ao assento 1K, primeira fila da aeronave, que não dispõe de primeira classe- pelo menos não oficialmente, pois o padrão de conforto e serviço, como viria a experimentar nas horas seguintes, seria mais para uma primeira classe do que para uma executiva.

O embarque transcorreu sem problemas. Nosso push-back foi atrasado em 20 minutos, em função do pesado tráfego aéreo naquela hora de pico em GRU. O "Mersin" foi rebocado do portão 24 da ala C e seus quatro motores CFM acionados. Naquela noite, a pista em uso era a 27R e nossa saída por instrumentos a Nemo 27, com transição Nogur. Pesando 246,7 toneladas, o Airbus estava abaixo de seu peso máximo de decolagem, 275.000 quilos. Iniciamos o longo táxi, ainda mais lento em função dos trabalhos na taxiway próxima à cabeceira 27, o que obrigou o comandante do TK16 a adentrar na própria pista e realizar a manobra conhecida como back track, quando uma aeronave usa a própria pista no sentido oposto ao da decolagem para posicionar-se na cabeceira. Finalmente, e já aos 22 minutos da manhã do sábado, o A340-300 alinhou na pista 27R e aguardou a autorização da torre GRU para iniciar sua jornada de 10.535 quilômetros até a pista 36R do aeroporto Ataturk Istanbul International.

Autorização concedida, potência foi aplicada à quadra de motores CFM 56-5C4. Quem já decolou em um A340-300 sabe que este notável avião nunca será lembrado por ter um desempenho, digamos, exuberante. Na relação peso/potência, o A340-300 mais parece um jato de primeira geração. A aceleração e ganho de altitude são mesmo muito lentos. Sendo assim, nessa decolagem de Guarulhos, somente no terço final da pista é que atingimos nossas velocidades críticas.

 Tão logo estabilizamos, a tripulação passou a servir desde o bar que domina a parte frontal da cabine de classe executiva, que dispõe de 34 poltronas. Em minutos, drinques de boas-vindas foram distribuídos. Uma bandeja com canapés frios tão vistosos quanto saborosos logo circulou. Cardápios foram distribuídos e observei as várias opções disponíveis. Como entrada teria que escolher entre rosbife e salada verde ou carpaccio de salmão; depois, um mezzé típico composto por tabule, berinjela no azeite e salada; um saboroso creme de cogumelos precedia uma das três opções de pratos principais: costeletas de cordeiro com molho de alecrim; ravióli de ricota e espinafre; namorado com puré de batata. A carta de vinhos agradou: havia desde produtos locais, com garrafas de turcos tintos e brancos.

Para os menos curiosos, opções de vinhos da França, Espanha e Argentina. O champanhe era um Gosset Brut e o Porto, um Graham's 2003 Late Bottled. Chivas Regal, Johnnie Walker Black Label, Smirnoff Black, Grand Marnier, Bailey's, cervejas Carlsberg e a turca Efes Pilsen completavam as opções de bebidas. A sobremesa, então, foi um caso à parte. Quando a comissária percebeu que eu havia pedido "apenas" frutas e queijos, ela ficou indignada. E trouxe um pratinho com pequenas quantidades de doces típicos. Ela estava certa em insistir: a base de pistache, mel e massa folhada, estavam deliciosos.

Era noite fechada e já passava das 2 da manhã. Abaixo de nós, adiante, somente a escuridão do Atlântico. Cruzávamos a 35.000 pés e teríamos muitas horas de voo pela frente. Analisei o sistema de entretenimento on-demand. Muito bom, com navegação interativa, boa seleção de áudio e vídeo. A "CDteca" foi claramente escolhida por alguém que tem muito bom gosto. Nos vários gêneros à disposição, títulos clássicos como Heavy Weather do Weather Report ou Kind of Blue de Miles Davis apareciam ao lado de seleções mais modernas, mas muito bem escolhidas. Gostei muito. Havia ainda a possibilidade de envio de mensagens SMS bem como outras possibilidades de comunicação, como um sistema de alimentação on-line de notícias que podiam ser lidas através de um menu interativo. Jogos, é claro, além de vasta programação de vídeo, completavam as múltiplas possibilidades de entretenimento.

Durante a noite, cruzamos o Atlântico a 35.000 pés, subindo depois para 37.000 pés, nossa altitude final de voo. Entramos na costa africana em um ponto ligeiramente ao norte de Dacar, Senegal, e depois entramos em espaço aéreo da Mauritânia. Nesse ponto, despertei e fiquei admirando a paisagem desoladora abaixo: uma imensidão de areia amarela, plana como uma tábua, até onde a vista poderia alcançar. A tripulação logo veio oferecer um sanduíche, pois a maioria dos passageiros ainda dormia e o café da manhã não seria servido tão cedo. Aproveitei para escrever este Flight Check, ligando meu laptop na tomada universal, que está muito bem localizada nesta poltrona da THY. Isto sempre agrada, pois em algumas empresas é necessário ser contorcionista para achar e, depois, conectar seu computador.

Durante a noite enfrentamos um vento praticamente de proa com 13 nós. Nossa navegação nos fez alinhar a proa do jato com Tunis, cidade que sobrevoamos às 11h00 ou 10 horas e 38 minutos após a decolagem. Nesse ponto já havíamos percorrido 5.741 milhas. Deixamos o continente africano e o jato tomou a proa da Sicília, cujo litoral norte sobrevoamos. Então foi a vez de cruzar praticamente na vertical do Estreito de Messina e cortar a Calábria. Antes da chegada, mais uma refeição foi servida. O brunch, bem completo, apresentava frutas, sucos, pães, iogurtes, bem como dois pratos quentes para escolher. Como no jantar, agradou bastante. Eram 12h37, hora de Brasília, ou 18h37, hora local, quando iniciamos a descida para Istambul. Uma tarde linda, Cavok, com 31ºC, nos esperava. Navegamos seguindo a aproximação EKI 1A para a pista 36R. Tocamos às 19h08, com suavidade, concluindo esta etapa de 10.535 quilômetros em 12 horas e 46 minutos.

                                                                                                                           W.S.F.
                                                                                                          Presidente Aeroportos Brasil




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