Não é sempre que se pode fazer um voo regional internacional. Pois esta novidade é exatamente o que você vai acompanhar agora, voando conosco entre Porto Alegre e Punta del Este, Uruguai, pelas asas da nova e simpática BQB Airlines.
Com termômetros subindo e muitas nuvens no céu. A proximidade do fim de semana deixava um clima mais leve no ar. Foi assim que fui recebido no modesto balcão de check-in da BQB (Buquebus) Airlines no Salgado Filho. À minha frente, apenas um casal concluía o check-in. Em minutos, fui atendido com cortesia e rapidez. Recebi um simpático cartão de embarque parcialmente preenchido à mão, coisa que cada vez mais valorizo em um mundo cada vez mais impessoal.
Esperei a hora de embarque chegar, mas o voo estava atrasado em 30 minutos. Nossa partida, programada para as 10h35, certamente sairia depois do previsto: o ATR 72-500 da BQB tinha sua chegada prevista a Porto Alegre somente as 10h23, procedente de Rivera, Uruguai, cidade na fronteira com Santana do Livramento, no Rio Grande do Sul.
De fato, o segundo e mais novo ATR 72-500 da empresa, matriculado CX-JPL, que fez seu primeiro voo em 22 de abril de 2010, seria a aeronave em que voaríamos, batizada como "Antoine de Saint-Éxupery" em homenagem ao famoso piloto e escritor francês. O ATR tocou em solo gaucho as 10h23 e foi orientado a estacionar em frente ao velho terminal do aeroporto, recentemente reativado para comportar o crescimento de tráfego na capital gaúcha. Fotografei a chegada do mesmo e rapidamente passei pelo controle de raio-x e imigração. Em minutos entrava no acanhado Duty Free de POA e aguardava a nova hora do embarque, estimada para 10h45.
A Buquebus é uma empresa cuja origem, como o nome indica, é de uma companhia que nasceu operando buques (barcos) e ônibus entre o Uruguai e a Argentina. Evoluiu depois para uma empresa que opera uma ampla gama de serviços, sobretudo no setor de turismo. Um completo sistema que inclui, desde 2010, sua própria companhia aérea,a BQB Lineas Aereas. Hoje, a BQB serve Porto Alegre e Florianópolis no Brasil; Rivera, Montevidéu e Punta del Este no Uruguai; Iguazú, Salto, Buenos Aires (Aeroparque) na Argentina; Asunción no Paraguai. Há ainda planos de voar para Rosário e Córdoba na Argentina. A frota de dois ATR 72-500 deve dobrar até o final de 2011.
Mas voltemos ao voo propriamente dito. Finalmente fomos convidados a subir no ônibus que nos levaria ao avião. Lá estava ele, com sua colorida e alegre pintura nas cores oficiais da empresa, azul e amarelo. Fui recebido com muita cortesia pela comissária Silvina que juntamente com a chefe de cabine Daniela recebiam os 70 passageiros, ocupação de 100% naquele dia. O processo de embarque foi relativamente rápido mas desconfortável: a temperatura no interior da cabine estava elevada. Finalmente, com portas fechadas e com o motor esquerdo girando, a temperatura foi ficando amena. O nível de silêncio a bordo me impressionou favoravelmente: os ATR da série 500, equipados com um par de motores e hélices hexapás, são significativamente mais silenciosos que os ATR da versão 200. Push-back iniciado rumo ao céus.
Reserva: Reservar e comprar foi muito fácil. O site da companhia funcionou muito bem.
Sem tráfego à frente, em quatro minutos estávamos alinhados na velha pista do aeroporto. As 11h22, os freios foram soltos e a potencia aplicada. Manche puxado pelo comandante Alcalá, instrutor de origem venezuelana e contratado pela BQB para treinar seus pilotos nos novos ATR, rapidamente ultrapassamos a V-2 de 117 e recolhemos os trens. Próxima parada: o sol e o céu de um azul infinito de Punta Del Este.
Cumprindo a saída por instrumentos TOXA 1, executamos curva à direita, deixando a bela Porto Alegre para trás, à nossa direita. Estabilizamos rapidamente a 16.000 pés, o que foi suficiente para as duas comissárias da BQB iniciarem o modesto serviço de bordo: bebidas a escolher, dentre as quais uísque, vinho e até um espumante, servidos em copos de vidro, acompanhados por um pedacinho de bolo.
À medida que voávamos, as nuvens iam ficando cada vez mais esparsas. Ao adentramos em território uruguaio, as condições estavam perfeitas: visibilidade ilimitada, o que permitia apreciar as pastagens infinitas e os pampas. Mas nada se compara à visão que se pode ter da cabine de comando. Foi então que, convidado pelos comandantes Alcalá e Moreira, realizei a parte final do voo no jump-seat do ATR. Iniciamos as descida as 12h35, apos Moreira ter contatado a empresa e avisado de nossa chegada. Gradativamente fomos perdendo altura, tendo por tráfego apenas um Learjet 31 à nossa frente. Fomos orientados para prosseguir na chegada ALBUM para a pista 08, e apos o pouso do Learjet, entramos na perna do vento a 1600 pés. Contatando a torre PDP em 118.30, giramos a curva base e entramos na reta final.
Um sol radioso banhava a região. Ao longe, Punta Del Este brilhava, destacando-se contra o Azul do Oceano Atlântico. A temperatura era de 25ºC e não havia uma única nuvem sequer. Trens abaixados e travados, potência reduzida, pousamos suavemente as 12h52, cumprindo o voo em 90 minutos cravados, conforme havia sido previsto. Apos uma rápido backtrack, cortamos os motores no belíssimo aeroporto da Laguna Del Sauce.
Avaliação:
Reserva: Reservar e comprar foi muito fácil. O site da companhia funcionou muito bem.
Check-In: Muita cordialidade e ao mesmo tempo, agilidade, apesar do espaço limitado devido à limitação da infraestrutura aeroportuária no Salgado Filho.
Embarque: Embora a maioria dos passageiros não aprecie, fomos até uma posição remota em POA, ou seja: excelente oportunidade para fotos.
Assento: Confortável para um voo regional.
Entretenimento: Monitores de teto exibiam vídeos de curta metragem. A companhia ainda dispõe de uma revista de bordo, Buquebus Magazine.
Serviço dos comissários: Muito cordiais, solícitas e sérias no cumprimento de suas funções. Tiveram que lidar com uma situação delicada: um passageiro foi flagrado fumando no toalete. Mostraram firmeza e ao mesmo tempo muito tato e discrição ao lidar com a desagradável situação.
Refeições: A fatia de bolo as 11h00 da manhã é que destoou. Mesmo assim, não se pode esperar muito mais em voos regionais. Boa variedade de bebidas, servidas em copos de vidro, o que sempre agrada.
Desembarque: Rápido e ágil, mas como não levava malas, não pude avaliar a velocidade de entrega das mesmas.
Pontualidade: Atraso devido à chegada tardia da aeronave em POA. Os tripulantes da BQB informaram a razão do atraso, de forma respeitosa, e ainda pediram desculpas pelo ocorrido. Ao final, chegamos a Punta del Este 62 minutos depois do horário publicado, 11h50.
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