quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Embarque: Air France Linhas Aéreas (CDG/GRU)

Voei entre Paris - São Paulo a bordo de um moderno 777-300ER da Air France. A jornada de regresso ao Brasil começou com um voo de conexão, partindo de Londres Heathrow em um A319 da Airfrance (AF). Cheguei no terminal 2E e a conexão foi feita através de um ônibus, que rapidamente transferiu os passageiros para o terminal 2F, de onde sairia o voo 454 rumo ao Brasil. Ao chegar ao 2F, fui diretamente ao lounge da Airfrance reservado para os clientes da Affaires. Sua galley estava muito bem estocada de bons vinhos, queijos e pães, como era de se esperar.

Aguardei confortavelmente e quando o horário previsto de saída aproximou-se, rumei para o portão F49. Lá estava o 777-328ER recebido pela Air France e naquela noite encarregado da longa travessia de 9.381 km até a cabeceira 09R de Guarulhos. Entregue novo de fábrica em maio de 2004, externamente mostrava sinais de desgaste, como rebites sem tinta e até mesmo pontos de descascamento claramente visíveis desde o portão. Embora seja uma aeronave moderna, sua conservação externa deveria ser mais cuidadosa. 

O portão estava lotado: o embarque já havia começado há algum tempo, mas, com 325 passageiros por embarcar, o processo foi talvez mais demoroso do que deveria. Finalmente ocupei minha poltrona, 8A, ao lado do gigantesco motor 1 do magnífico jato. A enorme Classe Affaires tinha seus 67 assentos ocupados, bem como as 250 poltronas da classe Econômica e as oito suítes da Primeira Classe. Drinks de boas vindas: champagne, suco de manga e água circularam enquanto o embarque era finalizado. Nosso horário de saída, 23h30, passou e as portas permaneceram abertas. Discrepâncias na contagem dos passageiros retardaram o processo, informou o comandante. Finalmente, o trator empurrou o gigantesco 777 para o pátio, àquela hora praticamente vazio. O voo 454 teria início. 

Motores girando, o Boeing foi desconectado do trator e iniciou o seu taxi para a pista, de onde alinhamos e partimos as 00h05. Motores rugindo, o 777 pesava 332 toneladas, 12t abaixo de seu peso máximo de decolagem, 344.5 toneladas. Rodamos com 50 segundos desde o "Brakes-Off." O rugido dos motores ao meu lado me deixou encantado. E a visão nos minutos seguintes, ainda mais: a gloriosa Paris, a Cidade Luz, estendendo-se por quase todo o campo visual. O Arco do Triunfo, a Torre Eiffel, toda a glória da mais majestosa cidade do mundo, perfeitamente visível da janela. É sempre uma maravilha deixar a Europa por Paris.

Cardápios foram distribuídos tão logo estabilizamos, mas nenhum drink ou castanhas para começar. Era exatamente uma hora da manhã quando o jantar foi servido. Foie Gras e melão, uma combinação perfeita, acompanhada de salada verde, era a única entrada, ainda que estivesse excelente. Quatro opções de prato principal: costeleta de vitela; filé de galinha d'Angola com mel; arroz ao estilo paella; vieiras sauté em azeite, acompanhadas de arroz com açafrão. Fiquei nesta última e estava saborosíssima. De sobremesa, um trio pequeno e elegante composto por uma terrina de frutas silvestres, um bolo fondant de chocolate e uma torta shortbread de damasco. Muito saborosos. 

Carta de vinhos sucinta: Champagne Ayala Brut Majeur e o branco, um Limoux Terroir de Haute Vallée 2007. Tintos foram dois: Moulin-À-Vent 2006 Georges Duboeuf e Château Tour Séran 2007 Jean Guyon, um cru Bourgeouis que acabei não experimentando. Para encerrar, pedi um chá. Foi-me oferecida uma caixa-livro do Fauchon, com oito variedades para escolher, uma apresentação finíssima. Toalhas e guardanapos de puro linho, copos e talheres elegantes, completaram a experiência de jantar a bordo do avião do país que ensinou à humanidade os mais elevados conceitos de etiqueta e educação. No fundo, nos menores e mais sutis detalhes, não há nada parecido. São centenas de anos de classe e educação, que fazem sim, uma baita diferença na arte de servir. 

O sistema de entretenimento agradou bastante, bem como a poltrona de couro bege e azul marinho, espaçosa, com controles lógicos e bem posicionados. Dormi pesadamente por sete horas. Durante a noite, à medida que o 777 queimava o combustível à razão de 9 toneladas por hora de voo, ele ficava mais leve e ganhava altura. Nossa rota nos fez sobrevoar Santiago de Compostela, depois atravessar o Atlântico, começamos a sobrevoar o território brasileiro na vertical da cidade de João Pessoa . Acordei a tempo apenas de tomar o café da manhã. Estava muito bem apresentado e saboroso. Iniciando a descida as exatamente 05:30h. Pousamos na 09R de GRU as 05:5h7, oito minutos adiantado em relação ao nosso horário previsto de chegada.  

Duas companhias de enorme tradição na aviação uniram esforços há alguns anos, criando uma gigante do setor. Até recentemente, a Air France KLM foi a maior companhia aérea do mundo, superada recentemente pela fusão de United e Continental. Ainda que, de fato, a Air Fance tenha adquirido o controle da KLM, na prática as duas companhias operam produtos, identidades, frotas e tripulantes contratados, treinados e decididamente entregando um padrão de atendimento distinto. Ainda assim, um produto que tem em comum um notável padrão de classe internacional. Na KLM, destaco o excepcional nível de atendimento das tripulações e a carta de vinhos. Na Airf Fance, os pontos altos foram o serviço de alta classe, bem como a culinária esmerada e o assento confortável. A nítida impressão após estas vagens é que ao comprar uma passagem na Air France/KLM o passageiro pode ter certeza de que será muito bem tratado independentemente de qual parceira escolher.
 
Avaliação: notas vão de zero a dez.

1-Reserva: Sem nota.
Feita pela própria empresa.
2-Check-In: Nota 10.
Rápido e especialmente atencioso, feito no terminal 4 de Heathrow, na ala reservada para passageiros da Primeira e Executiva. Excelente mesmo.
3-Embarque: Nota 5.
Desorganizado, uma bela bagunça, bem brasileira.
4-Assento: Nota 9.
Espaçoso e confortável. Reclinação é total e quase de 180º. Como na KLM, para ser perfeito, somente se estivesse a 90 graus com o piso.
5-Entretenimento: Nota 10.
Outro sistema AVOD de ótima qualidade.
6-Serviço dos comissários: Nota 8.
Elegantes e prestativos, mas ficaram devendo no quesito simpatia. Profissionais.
7-Refeições: Nota 9.
Muito boas mesmo, gostei.
8-Bebidas: Nota 7.
Pouca variedade: 1 branco só? Realmente ficou devendo.
9-Necessaire: Nota 7.
Elegante e concisa, sem exageros nem nada faltando.
10-Desembarque: Nota 10.
Ágil e organizado.
11-Pontualidade: Nota 10.
Chegada um pouco antes do horário.


                            G.Beting                                                                         W.S.F.
                          Colaborador                                                        Presidente Aeroportos Brasil 

 

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