quinta-feira, 17 de março de 2011

Embarque: VARIG Linhas Aéreas (GRU/EZE)

Manhã nublada em São Paulo, mas muito fria e ensolarada Buenos Aires, termômetros marcando 5ºC. Naquela manhã fui para Guarulhos acreditando que poderia voar em um jato da Varig. Afinal, seria interessante ver o produto que, lentamente, parece fadado a desaparecer. Minha primeira boa impressão da Comfort Class começou no check-in. Fomos ao balcão dedicado dessa "quase" Classe Executiva e fui recebido com a muita atenção e a simpatia de que qualquer cliente merece. Atenciosa, a funcionário rapidamente entregou meu cartão de embarque, bem como um convite que daria acesso à antiga sala VIP de Classe Executiva da Varig, localizada no segundo piso do Terminal 2. Esperar pelo seu voo na calma e conforto daquela ampla sala muda o jogo.

O trecho seria operado naquela manhã pelo 737-800SFP de mtrícula PR-VBL. Encomendado originalmente pela Gol, foi recebido com as cores laranja e branco. Não chegou a operar nenhum voo sequer assim. Ao chegar a Confins em novembro de 2007, onde está localizado o centro de manutenção da Gol, o Boeing teve sua identidade trocada e passou a ostentar as cores da VARIG Linhas Aéreas. Estava impecável por fora e por dentro. 

Chegando ao portão, ficou evidente que mais uma vez teria que embarcar pelo sistema de ônibus da Infraero. No horário previsto, os 64 passageiros foram chamados a embarcar, por volta de 07h30. A bordo da aeronave encontramos uma tripulação sorridente e muito simpática. O chefe de cabine, Guilherme, foi impecável, assim como a comissária Tatiana Ritter. O embarque prosseguiu com agilidade e em questão de minutos todos os passageiros estavam acomodados em seus assentos revestidos com padronagem azul, diferente do padrão cinza da Gol.  

Mal me acomodei em meu assento, 2A, Tatiana veio oferecer um copo de água de coco, um toque simpático e com inspiração inegavelmente brasileira. Em minutos, constatei que não haveria mais ninguém na Comfort Class, além de um único outro passageiro.

Portas travadas em posição "inflight," o controle de solo de GRU autorizou o push-back do Gol 7656 as 07h58. O motor direito foi acionado a seguir, dois minutos antes do horário estimado de partida. Eram 08h02, quando o comadante Alberto Greiffo desligou o freio de solo, o 737 iniciou o lento taxi rumo a pista 09L. Aguardamos dois minutos e as 08h06, alinhados com a faixa central, o Boeing acelerou gradativamente, tirando da inércia os 58.803 kg que pesava naquele instante. Leve, bem abaixo de seu peso máximo (70.533 kg), o Boeing 737 iniciou sua decolagem, ganhando cada vez mais velocidade na corrida pelo asfalto da pista principal de Guarulhos. A V1 e a VR foram iguais e ultrapassadas com 130 nós, quando rodamos com vigor. Acelerando, o 737 passou a subir e seu trem de pouso sendo recolhido.

Com a aeronave limpa aerodinamicamente, rapidamente ganhamos altura e, minutos depois, as nuvens envelopavam completamente o esguio jato. O G3 7656 subia sem restrições para sua altitude inicial de cruzeiro, 38.000 pés. Tão logo o Boeing estabilizou, os comissários puseram-se a servir os clientes. Poucos minutos depois, uma simpática bandejinha de vime foi apresentada. Nela, um prato quente era oferecido, no caso, uma omelete com queijo. Frutas, um pãozinho e frios completavam a refeição. Boa variedade de bebidas quentes e frias. Tomei meu café com leite e aproveitei o fato de que a aeronave estava vazia na cabine dianteira, separada do restante da cabine por uma cortina azul, fechada após decolarmos. Ainda mais privacidade.

O Boeing mantinha sua altitude e abaixo dele só havia nuvens. A temperatura externa marcava 52ºC negativos.

Retirado o café da manhã, a essa altura do voo, com céu claro, o Boeing já se encontrava sobre o estado do Rio Grande do Sul. Pouco mais de uma hora após a decolagem, a paisagem abaixo descortinou-se por completo. As fazendas e pampas gaúchos e a seguir, o belo território uruguaio, brilhavam sob o sol de uma clara manhã de inverno. Nossa rota nos fez sobrevoar Caxias do Sul, Bagé e logo depois entramos em espaço aéreo uruguaio, na proa direta da cidade de Durazno.

Quando eram exatamente 09h15, o ruído dos motores ficou nitidamente mais baixo, indicando que o Boeing atingira o TOD - Top of Descent - momento em que abandonou a altitude de cruzeiro e iniciou a aproximação. Minutos depois, a bela visão da cidade de Buenos Aires apareceu abaixo de nós. Seguindo uma longa aproximação, o Boeing tocou em território argentino às 10h20, um pouso extremamente tranquilo e suave. Completamos a viagem em 02h29. Estavamos quase 20 minutos adiantados em relação ao horário publicado de chegada. Como não havia despachado malas, em minutos passei pela imigração e estava sob o magnífico azul celeste da cidade Portenha. Um voo perfeito. 

Reserva: Sem nota. Feito pela própria empresa.
Check-In: Nota 5.

No primeiro voo, perfeito: rápido e atencioso. No segundo, faltou simpatia: o atendente mal olhou na minha cara.
Embarque: Nota 8. Organizado e relativamente ágil.

A
ssento: Nota 6.
Na Comfort Class, tudo bem. O assento do meio fica travaldo e isso é muito bom. Já na econômica, nos voos comuns da companhia, o problema é o pitch (espaço entre fileiras) nos 737-800.
Entretenimento: Nota 6.

Na Comfort Class, revistas nacionais e estrangeiras e jornais foram oferecidos. Na Gol, apenas a revista de bordo.
Serviço dos comissários: Nota 10.
Muito atenciosos, simpáticos, prestativos, em ambos os voos. Gostei muito, mesmo
.
Refeições: Nota 8.
Na Comfort, achei bastante correto o padrão. Mas gostei mesmo do "Buy On Board", a grande novidade no serviço de bordo da empresa desde que foi criada.
Bebidas: Nota 7. Igualmente.
Desembarque: Nota 7.
Muito demorado em Buenos Aires. Em Salvador e Guarulhos foi normal.
Pontualidade: Nota 10. Partidas no horário e chegadas super pontuais.
Nota final: 7,44

No primeiro padrão de serviço analisado, a Comfort Class, achei justa a relação de custo-benefício. Para voos mais longos, vale realmente a pena. O padrão de refeição é equivalente ao que antes era servido na classe econômica internacional da própria Varig. Mas a atenção dos tripulantes, somada à privacidade do assento vazio ao lado valem cada tostão. 


                                                                                                                 W.S.F
                                                                                                Presidente Aeroportos Brasil

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